terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Perdemos 604 vidas para o trânsito sergipano em 2013

Os números continuam assustadores apesar da diminuição se comparado ao ano de 2012 quando 708 vidas foram ceifadas. Se fizermos uma pesquisa de opinião para entender o que justifica números tão altos, vamos ouvir de tudo: responsabilização do governo, legislação que não oferece punições efetivas, condição das vias e outros motivos que estão no senso comum. Acredito que estes aspectos realmente interferem na perpetuação da violência do trânsito brasileiro, mas penso que além de sensibilizar os legisladores e as autoridades para tornar a fiscalização e as punições de fato efetivas, precisamos dedicar tempo para discutir o trânsito e a valorização da vida em núcleos sociais que interferem na formação da opinião das pessoas. Já existe regulamentação para que as escolas do ensino médio ofereçam o curso de formação de condutores na grade extracurricular beneficiando os alunos com a possibilidade de prestar a prova necessária a habilitação sem participar do curso teórico das auto escolas. Além de agregar valor, os alunos receberiam formação de qualidade antes dos 18 anos e certamente teríamos jovens mais conscientes da necessidade de valorizar a vida. Infelizmente desconheço que tenha alguma escola em Aracaju utilizando o benefício da legislação. A conversa também precisa ser feita na família, o que vemos com frequência são crianças sendo conduzidas no colo, como condutores, já nos primeiros anos de vida. A maioria dos pais serão pressionados pelos adolescentes, muitos se renderão aos caprichos e seus filhos irão as ruas sem habilitação com grande chance de tornarem-se registro de estatística. Sabemos que os líderes religiosos exercem grande influência sobre seus seguidores, e entendo que seja necessário utilizar também estes espaços para promover a conscientização das pessoas. Por óbvio não estou propondo que os cultos tenham suas rotinas alteradas em função dos assuntos extraordinários, mas propiciar um momento para a discussão do tema pode ser de bom tom, afinal, a tragédia não consulta credo, e atinge pessoas das mais variadas religiões. Tratar o assunto nas empresas é imprescindível. Acidente de trânsito no percurso do trabalho é acidente de trabalho, logo, especialmente as empresas que tem em seus quadros ciclistas e motociclistas, precisam tratar o tema com atenção. As SIPAT – Semanas Internas de Prevenção de Acidentes – pode ser o melhor momento para o desenvolvimento do tema e conscientização dos colaboradores. Penso que só teremos mudança significativa na realidade do trânsito brasileiro quando convencermos famílias, escolas, igrejas e empresas da importância de preservar vidas a partir da conscientização de todas as pessoas. Cidadão mais consciente resultará condutor mais consciente e exigente. Neste momento nossos representantes serão mais responsáveis e as alterações na legislação se darão com menos demagogia e mais compromisso com a mobilidade e a vida. Sydnei Ulisses de Melo é coordenador do Movimento Gentileza Aracaju www.gentilezaaracaju.amawebs.com