quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Trânsito que mata em Aracaju

Os números de 2013 são realmente preocupantes, 5533 acidentes e 71 pessoas mortas nas ruas de Aracaju só no período janeiro a julho. Comparado a 2012 inteiro o número de mortos já é 25% maior e os acidentes também já alcançam a média. Também lamentável é saber que a maior parte dos mortos são jovens e que muitos acidentes tiveram origem em condutores alcoolizados. A história muda pouco, o número é crescente e a sociedade se mostra insensível, mas o crescimento do semestre é realmente assustador. Para justificar vamos ouvir de tudo, a quem considere que o problema é o excesso de veículos e a qualidade das vias, outros dirão que falta educação para o trânsito e que a culpa é toda do poder público que não “investe” na educação. Terá até quem diga que com o Samarone morria menos e que é tudo obra de João. É assim, vamos ouvir de tudo. Tenho opinião sobre o tema e por vezes me sinto repetitivo, mas insisto. Quero crer que ainda verei as pessoas assumindo posturas mais educadas e praticando gentilezas em favor de toda a sociedade. Assim, sigo insistindo em pontos que julgo imprescindíveis para a redução das mortes e mais qualidade de vida: Insisto que a questão mais grave está relacionada com a falta de habilitação de muitos. Desde de 2007 pesquisa do Ibope aponta que 60% dos motociclistas nunca passaram por um Centro de Formação de Condutores e 30% dos motoristas também não. O número de inabilitados continuará alto pois tanto autoridades quanto a população sergipana acreditam que ter CNH é irrelevante. Fato é que as pessoas estão nas ruas motorizadas sem ter a menor ideia do que representa estar na via. Matam e morrem quase sempre precocemente por se espelharem em familiares e amigos que as vezes até são habilitados mas que se julgam acima do bem e do mal. Família consciente não permite que seus adolescentes aprendam a dirigir antes de completar a maior idade, e no momento certo os encaminham para uma auto escola, local indicado para o aprendizado. Vemos que a realidade é outra, adolescentes e adultos trafegam livremente pelas ruas, especialmente em motocicletas e ciclomotores, acobertados pela inoperância do poder público e a demagogia de executivos e legisladores que, com medo de perder eleitores, se recusam a fazer valer o CTB – Código de Trânsito Brasileiro. Ademais, nossas famílias estão carentes de valores e práticas que estimulem a gentileza como forma de valorizar o que temos de mais sagrado, “a vida”. Falta-nos respeito no trato mais elementar, no exercício de reduzir a velocidade preventivamente quando percebemos situações de perigo e a presença de pessoas em situação mais vulnerável como pedestres, ciclistas e motociclistas. Pronto! Só volto a escrever sobre o tema quando for divulgado novos números alardeando a morte de sergipanos. Enquanto isso continuarei a sugerir que as pessoas reflitam sobre a gentileza como forma de melhorar as relações humanas para que consigamos interferir e reduzir a absurda estatística que macula a propaganda de Aracaju como cidade de boa qualidade de vida. Sydnei Ulisses de Melo é instrutor de trânsito - sydneiulisses@gmail.com

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Dinheiro, débito e crédito para o vencimento

Muito me anima a iniciativa do MP - Ministério Público de Sergipe que acionou os postos de combustíveis para que cumpram o CDC – Código de Defesa do Consumidor, inibindo a cobrança de valor diferenciado para o pagamento com cartão de débito e crédito. De fato, por tratar-se de uma operação que se encerra no ato da compra, não pode essa modalidade de pagamento ser considerado pagamento a prazo, logo, o valor deve se igualar ao cobrado para o pagamento em espécie. Alegam os comerciantes que as tarifas das operadoras precisam ser repassadas para o consumidor, mas a disposição em receber esta modalidade de pagamento, que oferece segurança no recebimento e no manuseio, tem um custo que deve ser absorvido pelo comerciante, afinal é ele e sua empresa que recebem os benefícios. Ademais, não me recordo de nenhuma mobilização de empresas para pressionar as operadoras a reverem suas tarifas. Cabe ao comerciante, considerando as projeções de venda em cada modalidade de pagamento, estabelecer o preço único e justo para a venda de seus produtos como fazem os supermercados e grandes magazines que vendem especialmente vestuário. Espero que a atuação do MP seja contínua e alcance setores importantes que estão viciados em suas práticas na relação com os consumidores, por exemplo: As farmácias não informam o preço de seus produtos com a clareza, precisão e ostensividade prevista no CDC. O consumidor só toma conhecimento do preço do medicamente e outros itens quando está no caixa e manifesta a forma de pagamento. Cada forma de pagamento tem uma margem de desconto, logo, os valores para cartão de débito e crédito são diferentes do preço para pagamento em dinheiro. Os preços são informados sem clareza, sem precisão e sem ostensividade. Dia desses a questão entra na pauta do MP e quem sabe teremos regras claras de informação para este setor. Pouquíssimos comerciantes cumprem o CDC no item informação de preço, afixando preços (quando afixam), incluindo as tarifas de cartões além de acréscimos inexplicados para oferecerem falsos descontos aos consumidores. Certo e legal seria oferecer o preço do produto para o pronto pagamento em dinheiro, débito ou crédito e acrescer eventuais despesas financeiras para o pagamento em parcelas. Sergipe, diferente do restante do Brasil, além da aplicação do CDC, pode exigir também que o comerciante, no caso de venda em parcelas, indique o CRO – Custo Real da Operação. A legislação sancionado pelo Estado, de iniciativa da Deputada Estadual Conceição Vieira, nunca foi aplicada, mas é prática e de fácil cumprimento. Muito útil seria para os sergipanos conhecerem os Custos Reais na hora da compra a prazo. Muito há pela frente, mas acredito no abnegado trabalho da Promotoria como instrumento de fortalecimento e amadurecimento dos sentimento necessários a uma sociedade que persegue os ideais de cidadania plena. Sydnei Ulisses de Melo foi coordenador do Procon Municipal Ribeirão Preto no período 2001 a 2004

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

ONDE ERRAMOS NA FORMAÇÃO DOS NOSSOS MÉDICOS?

Penso que erramos no endeusamento da categoria. Estou bem próximo do cinquentenário e me recordo que ter atendimento médico na década de 70 era tão sofrível ou pior que hoje. Filho de sergipano, criado no extremo sul da capital paulista, vivendo as limitações das famílias pobres, saia de casa na madrugada para chegar a um posto do INPS antes das 5h30, sob pena de voltar sem qualquer atendimento. Esse era o martírio das mães pobres que queriam ver os filhos minimamente atendidos e cuidados. Ainda bem pequeno, via mamãe insistir em chamar e ensinar a chamar médico de doutor. Como sempre foi, independente de conhecimento especifico e titulado, a sociedade convencionou chamar de doutor os considerados superiores, assim os mais endinheirados, os médicos, os advogados, todos poderosos aos olhos dos menos instruídos e pobres, são “doutores”. Já nos anos 70, assim como hoje, os “deuses” da saúde, na sua maioria, são incapazes de cumprir horário no atendimentos dos seus súditos. Mesmo nas clínicas particulares, planos de saúde, com horário marcado ou ordem de chegada, os literalmente pacientes precisam esperar a vontade dos doutores. Ao contrário de sugerir agendas lotadas, percebemos arrogância, prepotência e desrespeito flagrante aos simples mortais que dependem dos “deuses” de jaleco branco. Imaginem o absurdo: Existe legislação que obriga o profissional a preencher de forma legível com clareza e precisão as receitas de medicamentos. Historicamente a arrogância parece exigir que estes profissionais desrespeitem seus pacientes escrevendo de forma ilegível e criando mais uma atribuição ao atendentes e farmacêuticos, ler letra de médico. Absurdo! Depois das denúncias de dedos de silicone para registrar ponto, de médico esvaziando UTI acelerando óbito e tantos esquemas para receber dinheiro público sem prestar serviço, estou convencido que os “doutores” estão longe de se diferenciarem de outras categorias. São todos iguais, os que se diferenciam o fazem por mérito próprio, boa formação de caráter e base familiar sólida, e não acredito serem estes os opositores aos médicos estrangeiros que estão se dispondo a vir ocupar os postos de trabalho recusados pelos nossos. Estou otimista, espero que os que estão chegando para trabalhar sejam oriundos de países que não tenham cometido os mesmo erros na formação de seus médicos e que possam contribuir para a melhoria da saúde e da qualidade de vida, sobretudo dos mais pobres. E aí, a sincera e comprometida mobilização destes profissionais ecoará na sociedade recebendo apoio de todos. Que venham os mais médicos! Sydnei Ulisses foi conselheiro de saúde em Ribeirão Preto