quarta-feira, 28 de setembro de 2011

PESANDO NO BOLSO E NA LIBERDADE DOS INFRATORES NO TRÂNSITO



O INSS, por meio da Advocacia Geral da União, pretende propor ações de reparação para ter devolvido aos cofres do Instituto, valores pagos a titulo de beneficio às vitimas de acidentes de trânsito, provocado por motoristas irresponsáveis em situação de flagrante e inequívoco descumprimento do CTB Código de Trânsito Brasileiro.
O Instituto gasta R$ 8 bilhões por ano com o pagamento de benefícios como auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e pensão geradas por acidentes de trânsito. As ações começam a ser ajuizadas já em outubro e darão preferencia aos casos em que os acidentes tenham ocorrido por culpa ou dolo em situações graves, como dirigindo em embriaguez, alta velocidade, na contramão, sem habilitação.
Penso que por mais radical que pareça, tal medida pode ser especialmente pedagógica, sobretudo se associada a outras medidas que de fato punam os condutores infratores.
Por exemplo: A reparação dos gastos hospitalares de vitimas, decorrentes da irresponsabilidade de condutores, também poderia ser objeto de procedimento de cobrança, administrativa ou judicial. Assim, além de minimizar o enorme peso que os acidentes impõem ao orçamento da saúde pública, faria os condutores pensarem um pouco mais antes de saírem fazendo estripulias nas vias das cidades.
Suponho que o numero de acidentes com pessoas que transitam sem serem habilitadas deve ser expressivo, vez que pesquisa realizada em 2007 apontou que 60% dos motociclistas e 30% dos motoristas, estão nas vias sem habilitação e sem nunca terem passado por qualquer processo de formação.
E pela capacidade de fiscalizar demonstrada em Aracaju este quadro não deve sofrer alteração em curto prazo. Basta observar que as autoridades sem rendem ao absurdo e fecham os olhos para a circulação irregular e perigosa dos ciclomotores, agora agravado com a retirada dos sensores de velocidade (pardais). O Trânsito sem fiscalização vai ganhar notoriedade quando as estatísticas demonstrarem que mais sergipanos terão morrido em 2011 que nos anos anteriores.
Outra questão que precisa ser repensada é a prisão dos condutores decorrentes de acidentes. Vejo com apreensão que o anuncio de prisão em flagrante de motoristas contraria o CTB. Diz a Lei que nenhum condutor pode ser preso em flagrante se tiver prestado pronto atendimento á vitima do acidente, logo, penso que não se evadindo do local do acidente já está caracterizado a atenção e prejudicada a eventual prisão em flagrante, mas, com alguma frequência temos visto o anuncio de prisões divulgadas pela imprensa.
Penso que o CTB é especialmente generoso com os irresponsáveis, mas enfim, é a Lei. Se tivéssemos que alterá-la proporia que os casos de flagrante descumprimento da Lei como falta de habilitação, embriaguez, trânsito na contra mão e outras infrações inequívocas, permitisse a prisão do condutor por igual período ao da internação da vitima, sendo aceito fiança ou qualquer outro recurso somente após a alta médica hospitalar do cidadão prejudicado.
O que vemos hoje são pessoas hospitalizadas por longos períodos nos hospitais e os condutores irresponsáveis livres leves e soltos, transitando nas ruas das cidades beneficiados pela legislação que julgo moderna, mas que deve sofrer alterações capazes de produzir efeitos que pesem no bolso e na liberdade dos infratores.
Infelizmente é prerrogativa exclusiva da União legislar sobre trânsito, de outra forma poderíamos propor soluções caseiras para os problemas de Sergipe, de toda sorte nos dispomos a contribuir com qualquer iniciativa que objetive educar, conscientizar, mas também punir de forma mais eficaz os que insistem em descumprir as regras fazendo vitimas, muitas vezes fatais.
Sydnei Ulisses é instrutor de trânsito – sydneiulisses@gmail.com – www.sydnei-ulisses.blogspot.com

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Artigo - A FILA DOS BANCOS

Temos noticia que a prefeitura de Aracaju notificou o fechamento de uma agencia bancária por descumprimento da Lei do tempo de fila que não deve exceder 15 minutos em condições ideais. Penso que tal punição cairá por terra, mas só de imaginar a importância simbólica de a prefeitura enfrentar um banco na defesa da cidadania, já é extremamente importante.
Há poucos anos as agencias bancárias, sobretudo as dos bancos oficiais, ofereciam um grande número de guichês de caixa. As filas também eram grandes e demoradas, mas tínhamos a sensação do comprometimento das instituições com as pessoas que procuravam as agencias.
O advento da informatização bancária fez com que os bancos definissem estratégias para esvaziar as agências de pessoas menos interessantes, assim, os guichês de caixa foram retirados do andar térreo onde foi possível, especialmente nos bancos públicos. O número de caixas foi reduzido de forma exagerada e as pessoas passaram a ser obrigadas a utilizar os caixas eletrônicos.
O Banco Central até esboçou resoluções para proteger o consumidor bancário, mas nunca acreditei na seriedade das medidas. Por exemplo: Diz a resolução 2878 que nenhum cidadão pode ser impedido de fazer no guichê de caixa uma operação aceita no caixa eletrônico. Pois bem, desafio qualquer cliente do Banco do Brasil ou da Caixa Federal a pagar uma conta de luz, agua ou telefone direto no caixa, e vejam que não estou falando de pessoas alheias ao banco que também não podem ser impedidas, refiro-me aos clientes das agências.
Outro aspecto que me chama a atenção é de nunca ter observado qualquer manifestação dos sindicatos de trabalhadores sobre o descumprimento das regras mais elementares criadas para o setor, mesmo sendo óbvio que se os bancos se obrigarem a atenderem clientes como manda as regras, certamente muitos e melhores empregos precisariam ser criados.
As estratégias dos bancos deram certo, basta observar o que vem acontecendo nas lotéricas e pontos bancários, muitos deles com movimento incompatível com a estrutura e segurança do local, facilitando a vida dos marginais que se deleitam em seus atos de violência.
É comum observar idosos, analfabetos e semi-alfabetizados, as voltas com o uso dos caixas eletrônicos. As tecnologias exigem conhecimento e convivência com este tipo de equipamento, o que não é exatamente comum para muitas pessoas. Nestes casos a intervenção de estagiários e funcionários pode ser observada. A confiança destas pessoas vulneráveis é tamanha que já ouvi senhas secretas sendo anunciadas para o estagiário concluir a operação.
Os bancos vão continuar insistindo para que os clientes deixem as agências e limitem-se a internet e aos caixas eletrônicos. Cabe a nós consumidores bancários, sindicatos e poder publico, exigir o direito de ser atendido onde preferirmos com dignidade, eficiência e celeridade.

Sydnei Ulisses coordenou o Procon de Ribeirão Preto no período 2001 a 2004
sydneiulisses@gmail.com – www.sydnei-ulisses.blogspot.com