quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Artigo - A FILA DOS BANCOS

Temos noticia que a prefeitura de Aracaju notificou o fechamento de uma agencia bancária por descumprimento da Lei do tempo de fila que não deve exceder 15 minutos em condições ideais. Penso que tal punição cairá por terra, mas só de imaginar a importância simbólica de a prefeitura enfrentar um banco na defesa da cidadania, já é extremamente importante.
Há poucos anos as agencias bancárias, sobretudo as dos bancos oficiais, ofereciam um grande número de guichês de caixa. As filas também eram grandes e demoradas, mas tínhamos a sensação do comprometimento das instituições com as pessoas que procuravam as agencias.
O advento da informatização bancária fez com que os bancos definissem estratégias para esvaziar as agências de pessoas menos interessantes, assim, os guichês de caixa foram retirados do andar térreo onde foi possível, especialmente nos bancos públicos. O número de caixas foi reduzido de forma exagerada e as pessoas passaram a ser obrigadas a utilizar os caixas eletrônicos.
O Banco Central até esboçou resoluções para proteger o consumidor bancário, mas nunca acreditei na seriedade das medidas. Por exemplo: Diz a resolução 2878 que nenhum cidadão pode ser impedido de fazer no guichê de caixa uma operação aceita no caixa eletrônico. Pois bem, desafio qualquer cliente do Banco do Brasil ou da Caixa Federal a pagar uma conta de luz, agua ou telefone direto no caixa, e vejam que não estou falando de pessoas alheias ao banco que também não podem ser impedidas, refiro-me aos clientes das agências.
Outro aspecto que me chama a atenção é de nunca ter observado qualquer manifestação dos sindicatos de trabalhadores sobre o descumprimento das regras mais elementares criadas para o setor, mesmo sendo óbvio que se os bancos se obrigarem a atenderem clientes como manda as regras, certamente muitos e melhores empregos precisariam ser criados.
As estratégias dos bancos deram certo, basta observar o que vem acontecendo nas lotéricas e pontos bancários, muitos deles com movimento incompatível com a estrutura e segurança do local, facilitando a vida dos marginais que se deleitam em seus atos de violência.
É comum observar idosos, analfabetos e semi-alfabetizados, as voltas com o uso dos caixas eletrônicos. As tecnologias exigem conhecimento e convivência com este tipo de equipamento, o que não é exatamente comum para muitas pessoas. Nestes casos a intervenção de estagiários e funcionários pode ser observada. A confiança destas pessoas vulneráveis é tamanha que já ouvi senhas secretas sendo anunciadas para o estagiário concluir a operação.
Os bancos vão continuar insistindo para que os clientes deixem as agências e limitem-se a internet e aos caixas eletrônicos. Cabe a nós consumidores bancários, sindicatos e poder publico, exigir o direito de ser atendido onde preferirmos com dignidade, eficiência e celeridade.

Sydnei Ulisses coordenou o Procon de Ribeirão Preto no período 2001 a 2004
sydneiulisses@gmail.com – www.sydnei-ulisses.blogspot.com

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