quinta-feira, 18 de junho de 2015

O QUE MUDA COM A REDUÇÃO DA MAIORIDADE?

Nada! Simples assim. Fui adolescente na periferia paulistana e assim como em todas as periferias das grandes cidades, sei exatamente como a punição aos jovens pobres são aplicadas. Crianças crescem sem oferta de serviços imprescindíveis como boa escola, bom atendimento médico, boas alternativas de lazer, boa alimentação e muitas vezes não tem nem se quer o convívio adequado com pai e mãe que se ausentam para ganhar o sustento passando a maior parte do dia longe dos filhos;. Fruto da ausência do Estado e das famílias é a presença de traficantes que acabam adotando e direcionando a vida de grande numero de crianças e adolescentes. Muitas destas crianças são assassinadas antes de completar a maioridade, seja pela maquina do Estado usando as ferramentas da repressão, seja pelo próprio comando dos traficantes que determinam quem vive e quem morre na roleta russa da periferia. O dinheiro reservado aos investimentos sociais escorre nas licitações combinadas e superfaturadas, e os jovens, sem alternativa, passam a ser o alvo das classes opressoras que fazem a gestão dos recursos que deviam ser usados para resgatar a juventude e minimizar as diferenças sociais. A criminalidade juvenil é efeito, não é causa. A causa toda a sociedade sabe e de tão óbvio fica até difícil insistir no diagnóstico. A chance que temos de mudar a realidade passa pelo resgate de valores e cumprimento de Leis que punam os gestores corruptos. Falta estatura para os nossos representantes. Quem quiser entender o que estou dizendo pode fazer o seguinte exercício: Acesse um site de busca e escreva o nome do deputado federal que você conhece acrescendo palavras como processo, cassado, investigado, ou todas elas e veja a capivara de noticias dos homens que se julgam senhores da defesa da moral e dos bons costumes. Sem hipocrisia, se prender ao invés de internar fosse mudar o curso da sociedade, certamente apoiaria a medida, mas sei que o que de fato precisa ser feito para mudar o rumo da sociedade não acontecerá por não interessar aos atuais eleitos. Se não vejamos, prefeito que frauda licitação de merenda tinha que ser preso na mesma cela dos adolescentes em conflito com a Lei. Legislador em situação de flagrante lavagem de dinheiro tinha que ser imediatamente cassado e preso por pelo menos o mesmo período do mandato conquistado com o dinheiro lavado. Empresário que forma cartel, ou que licita baixo para pedir alinhamento de valor, tinha que ser obrigado a concluir a obra com recurso próprio sob pena de prisão, assim pararíamos de ver escolas e hospitais abandonados no meio da construção. Todo corrupto, ativo ou passivo, em situação de flagrante, precisava responder de pronto com prisão sem direito a fiança. Ainda que as penas não fossem longas, precisávamos que fossem efetivas. Certamente resolveríamos o problema da falta de recursos públicos e teríamos sobra além de realizar todos os investimentos necessários para que os adolescentes da periferia fossem valorizados nas suas necessidades elementares de formação e certamente teríamos índices de criminalidade bem menores se comparado aos que temos hoje. A redução da maioridade não passa de mais uma tentativa de criminalizar a pobreza mantendo intocáveis os verdadeiros criminosos que tomam posse do recurso publico preterindo a maioria da população. Se passar a redução, adolescentes irão para presídios, mas os adolescentes pobres vão continuar morrendo vitimas do Estado e do trafico, políticos vão continuar lavando dinheiro privado e publico nas campanhas eleitorais, as licitações de merenda continuarão sendo objetos de desvio de recursos, empresários continuarão corrompendo servidores e políticos e nada será diferente. Sou contra a redução, exceto se as verdadeiras causas das desigualdades forem combatidas de verdade. Como já sugeri, pesquise a folha de processos dos maiores defensores da redução nas casas legislativas e veja quem são os que mais defendem essa medida. Sydnei Ulisses é coordenador do Movimento Gentileza Aracaju

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