terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Aproveite para ser gentil no trânsito

Sou instrutor de trânsito e por força do ofício dirijo com cuidado acima da média. É o que chamamos dirigir defensivamente. Esta pratica implica em tentar antecipar os acontecimentos e não ser surpreendido pelos veículos mais afoitos ou pedestres e ciclistas desatentos. Pois bem, na manhã desta terça-feira (04/12), transitando em uma avenida estreita, de trânsito lento e muitos pedestres fazendo travessia ( Av. Rio Branco), percebi um veiculo parado próximo a faixa de pedestre com a luz de alerta intermitente. Entendi que algo estava acontecendo e que um pedestre poderia estar iniciando a travessia. Para não ser surpreendido reduzi a velocidade e parei na faixa por tempo não superior a dois segundos, motivo para que o veiculo que me seguia em baixa velocidade se esvaísse buzinando agressivamente para eu sair da frente. Sinalizei positivamente e segui. O semáforo a frente estava fechado, ao meu lado um Honda Civic Preto, muito bonito. O vidro elétrico foi acionado e dentro do carro uma senhora distinta, cabelos longos pretos, camisa branca e de forma incompatível com a sua imagem, passou a esbravejar: VOCÊ NÃO PODE PARAR DO JEITO QUE FEZ, VEM UM CARRO E BATE ATRÁS, respondi: a via é de trânsito lento e parei para não ser surpreendido por um pedestre na faixa. E ela insistiu: VOCÊ NÃO PODE PARAR DESSE JEITO, O SEMAFORO ESTAVA ABERTO. Na ultima tentativa de explicar, falei: Minha querida....NÃO SOU SUA QUERIDA E NÃO LHE CONHEÇO, assim, acionou o vidro elétrico filmado em transparência proibida pelo Código de Trânsito Brasileiro e saiu acelerando a sua potente máquina que deve interferir diretamente no equilíbrio emocional daquela condutora. De fato ela não é minha querida, usei a expressão apenas para minimizar a angustia que afetava o coração daquela condutora. Fechar o vidro e não ouvir meu argumento de que fiz para evitar um atropelamento foi realmente muito agressivo. Respirei e segui o conselho do campeão mundial de Anderson Silva. Visivelmente contei até dez e segui em frente. A agressividade dela em nada contribui para a minha vida nem para a dela e tive a certeza de que ela perdeu a oportunidade de ser gentil bastando apenas ter sido sensível a minha atitude não tendo gastado energia parando o carro e tentando me agredir. Enfim, por estas e outras e que nosso trânsito se faz agressivo, não pelas regras que são claras e objetivas, mas pela conduta nervosa e desequilibrada provenientes da natureza humana. Vamos fechar o ano com mais de seiscentas mortes no trânsito sergipano, e eu continuo gotejando no oceano para garantir a minha contribuição com a certeza de que “gentileza gera paz no trânsito”. Sydnei Ulisses é instrutor de trânsito – sydneiulisses@gmail.com

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